O Jardim dos Caminhos que se Bifurcam
Âmbito Cultural

O Jardim dos Caminhos que se Bifurcam

Poesia
DATA
07 de nov. às 18:30 h.
LOCAL
El Corte Inglés Lisboa - Avda. António Augusto de Aguiar, 31, 1069-413 Lisboa - SALA 2 DO ÂMBITO CULTURAL, PISO 6
ORADOR
Carlos Fiolhais, Inóspita e José Anjos
ESGOTADO

As inscrições para o evento terminaram em 06/11/2025


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DESCRIÇÃO

O Âmbito Cultural do El Corte Inglés tem o prazer de convidar para o Poemar O Jardim dos Caminhos que se Bifurcam, com Carlos Fiolhais, Inóspita (guitarra) e José Anjos, a realizar-se no dia 7 de novembro pelas 18h30, na Sala de Âmbito Cultural do El Corte Inglés de Lisboa. 


Sinopse

Há poesia na ciência? Carlos Fiolhais diz-nos que sim, num dos seus mais recentes livros: A Ciência na Poesia Portuguesa do Século XX, editado pela Nova Mymosa. Também para Alberto Rojo, físico da Oakland University, em Michigan, a resposta é a mesma: no seu livro Borges e a Mecânica Quântica, Rojo colige uma série de ensaios sobre exemplos de encontros entre a ciência e a arte, nomeadamente antecipações literárias de avanços científicos. O protagonista central é Jorge Luis Borges, o poeta mais citado por cientistas, que, no seu conto O jardim dos caminhos que se bifurcam antecipa de modo quase literal uma teoria científica que seria formulada anos depois: a interpretação dos muitos mundos da mecânica quântica. Com efeito, na descrição que faz do jardim de Tsui Pen, Borges antecipa a teoria dos muitos mundos da mecânica quântica, que só veio a ser proposta mais de uma década depois do conto. Ao saber deste facto, Borges terá reagido com a exclamação: “Como são criativos os físicos!”

A mecânica quântica é o ramo da física que trabalha sobre a realidade microscópica, a do átomo e das partículas subatómicas. É um mundo tão incompreensível e tão misterioso que mais parece pertencer ao campo poético do que ao científico. Sabemos por experiência que os acontecimentos passados condicionam e determinam os futuros. No mundo microscópico que compõe toda a realidade, as coisas parecem passar-se de outra maneira. Veja-se o caso das partículas subatómicas: o seu passado é apenas decidido quando estas são observadas e medidas no futuro. Antes disso a realidade é um campo abstrato. O físico Andrew Truscott afirma que é “um acontecimento futuro que induz o fotão a decidir o seu passado”.

Percebe-se imediatamente que estamos (também) no domínio da poesia, o lugar onde o discurso suspende a ordem normal do mundo e o mostra de pernas para o ar, talvez na sua manifestação quântica. Como bem diz Alberto Pimenta: “A poesia (...) / o preço líquido / que a vida paga / pela fuga constante / a si mesma, / a caminho / do que não existia / antes de / ela lá ter chegado.” Os físicos afirmam que a realidade não existe até a observarmos e medirmos. O mesmo sucederá também com (ou através de) alguns poemas, arriscamos dizer. Mas fica a questão (entre muitas outras): qual o papel do cérebro e da consciência em tudo isto? E que passado nos espera ao chegarmos ao futuro? Nesta sessão do Ciclo Poemar iremos debruçar-nos sobre alguns poemas e questões que conjugam ciência e poesia, incluindo poemas escritos por autores que também foram cientistas, com intervenção de Carlos Fiolhais, leituras de José Anjos e música de Inóspita (guitarra).

 

Biografias

Carlos Fiolhais é professor catedrático de Física emérito da Universidade de Coimbra, foi diretor da Biblioteca Geral daquela Universidade e dirige atualmente a coleção Ciência Aberta da Gradiva. É autor de numerosos livros pedagógicos e de divulgação científica, como Toda a Física Divertida (Gradiva) e História da Ciência em Portugal (Arranha-Céus), onde está o conteúdo de um curso que tem dado no El Corte Inglés. Recebeu vários prémios e distinções, como um Globo de Ouro da SIC.

Inóspita é o projeto a solo da guitarrista lisboeta Inês Matos. Conta com dois álbuns lançados, Porto Santo, de 2022, e E Nós, Inóspita?, de 2024. Inóspita explora o formato da “canção não cantada” numa viagem solitária e pessoal, centrada na guitarra. Foi aluna na Academia de Guitarra, onde é professora desde os 16 anos, estudou na escola de Jazz Luiz Villas-Boas do Hot Clube de Portugal e é membro de projetos como Anarchicks e João Borsch.

José Anjos nasceu em Lisboa (1978) e é formado em Direito, poeta e músico. Tem quatro livros de poesia publicados e participa em vários projetos como baterista, guitarrista e diseur. Vive com um gato.