A chefe é que sabe

A chef é que sabe

MARLENE VIEIRA

De Nogueira da Maia para o mundo

Recordações de Páscoa

Não é por ter uma estrela Michelin que Marlene Vieira vai deixar de festejar a Páscoa de acordo com a tradição. Até porque, para a sua família este é o feriado número um. “A Páscoa no norte tem muito significado, é até secalhar mais importante que o Natal. Não somos uma família extremamente religiosa, mas parece que há um respeito pela tradição mais forte do que pela religião.”

A recém-premiada chef de cozinha vai, como sempre, para a casa da mãe, fazer o que sempre se fez: estar com a família e matar saudades, enquanto o forno faz o trabalho todo.

“Os assados permitem ter tempo para estar a conversar e a fazer outras coisas - o assado é largado no forno e nós podemos estar entretidos a receber o compasso ou a ver os foguetes. Há tempo para tudo e a assadeira continua lá no forno”, conta a chef natural de Nogueira da Maia, no distrito do Porto.

Das Páscoas passadas, Marlene traz muitas memórias felizes, como as amêndoas panizadas na casa das tias, ou os ovos da páscoa coloridos artesanalmente: “A minha avó cozia os ovos com as cascas de cebola, que era uma forma de os pintar e de os disfarçar, porque depois havia a caça aos ovoso. Comíamos uns dez, quinze ovos na tarde da Páscoa. É a memória mais doce que tenho.

Chef Marlene Vieira Chef Marlene Vieira



“A minha avó cozia
os ovos com as cascas
de cebola, que era uma forma
de os pintar e de os disfarçar”

Marlene confessa que prefere o cabrito ao borrego e explica como não falhar naquele que é um dos pratos de páscoa mais repetidos por todo o país: “Tem que se cozinhar lentamente e depois só na fase final, quando ele já está tenro, dar-lhe ali uma caramelização. Ele pode ser pincelado com uma banha, por exemplo, com uma gordura para lhe dar mais crocância - é um dos truques. Durante todo o processo, que demora mais ou menos 45 minutos, uma hora, a temperatura não passa dos 150 graus. E só na fase final, aumentamos o forno ali aos 220, para deixar ganhar uma crosta”.

“Não somos uma família extremamente religiosa, mas parece que há um respeito pela tradição mais forte do que pela religião”

Chef Marlene Vieira a cozinhar Chef Marlene Vieira a cozinhar
Chef Marlene Vieira a cozinhar Chef Marlene Vieira a cozinhar

Na batalha dos folares, ganha o doce. “Eu abdicaria do salgado, mas não do doce. O doce eu gosto até com queijo. Um queijo da Serra da Estrela, no final, assim a meio da tarde.”

Mas há uma particularidade na família Vieira, um prato de família que se intromete em todas e quaisquer tradições, que aparece em qualquer festa: a cabidela. “Festa é sinónimo de cabidela na minha família, temos sempre”.

Gyosas de cozido à portuguesa

MARLENE VIEIRA

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